Vacina injetável contra a poliomielite é adotada no Brasil a partir desse ano e substitui as gotinhas
Brasil adota uma nova estratégia para a imunização contra a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil
A tradicional vacina oral (gotinhas), que já fazia parte do calendário de vacinação, foi oficialmente aposentada em novembro do ano passado. A partir de agora, as crianças de 2, 4 e 6 meses de idade recebem exclusivamente a vacina injetável (VIP), e o reforço da vacina será aplicado aos 15 meses.
Essa mudança, segundo o Ministério da Saúde, é respaldada por evidências científicas e orientações internacionais. A vacina oral poliomielite (VOP), que contém o vírus enfraquecido, pode representar riscos em ambientes com condições sanitárias precárias. Quando administrada em tais condições, a VOP pode, paradoxalmente, causar casos derivados da vacina. O novo esquema vacinal com a VIP foi recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e tem o apoio da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização.
A Substituição da Vacina Oral: Mais Segurança e Eficácia
A vacinação injetável, que já vinha sendo aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade, agora também é indicada como reforço aos 15 meses, substituindo a antiga vacina oral, que era utilizada até então nesse reforço. A segunda dose de reforço, anteriormente aplicada aos 4 anos, foi retirada do calendário, já que o esquema com quatro doses (2, 4, 6 meses e 15 meses) garante a imunização completa contra a poliomielite.
Em um cenário global, a VOP será utilizada apenas para o controle de surtos, como ocorreu na Faixa de Gaza, que, em agosto passado, registrou o primeiro caso de pólio em 25 anos. Este caso envolveu um bebê de 10 meses que não havia recebido nenhuma dose da vacina.
O Contexto da Mudança
A decisão de substituir a vacina oral pela injetável vem em resposta a uma queda sucessiva nas coberturas vacinais no Brasil. Em 2022, a cobertura vacinal foi de apenas 77,19%, bem abaixo da meta de 95%, estabelecida pelas autoridades sanitárias. A diminuição das taxas de vacinação, em conjunto com a preocupação com surtos de doenças como a poliomielite em outras partes do mundo, tem levado o Ministério da Saúde a reforçar a importância da imunização em todo o ciclo de vida.
Desde 1989, o Brasil não registra casos de poliomielite, mas a vigilância contínua é essencial para manter o país livre da doença. A vacinação é considerada uma das estratégias mais eficazes para manter a população protegida contra doenças graves e prevenir a disseminação de agentes infecciosos.
O Calendário Nacional de Vacinação
O Brasil segue com um robusto calendário nacional de vacinação, que abrange 19 vacinas essenciais para a proteção da população em todas as fases da vida. Além da poliomielite, as vacinas incluem proteções contra doenças como sarampo, rubéola, tétano, coqueluche e muitas outras. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) é responsável por coordenar as campanhas anuais de vacinação, com o objetivo de alcançar altas coberturas vacinais e garantir a proteção tanto individual quanto coletiva.
Em tempos de crescente desinformação, a vacinação continua sendo um pilar fundamental para a saúde pública, prevenindo o retorno de doenças que já haviam sido erradicadas e protegendo as futuras gerações. A mudança no esquema vacinal contra a pólio é mais um passo para fortalecer a saúde coletiva do Brasil e garantir um futuro mais seguro para as crianças.
FONTE: Agência Brasil