Morre Maguila, ícone do boxe brasileiro, aos 66 anos

O ex-boxeador Adilson "Maguila" Rodrigues, um dos maiores nomes do boxe peso-pesado do Brasil e destaque na América do Sul, faleceu nesta quinta-feira (24) aos 66 anos. Maguila, que lutava há anos contra a encefalopatia traumática crônica, conhecida como demência pugilística, vinha tentando aliviar os sintomas com o uso de canabidiol desde seu diagnóstico, em 2013.

Morre Maguila, ícone do boxe brasileiro, aos 66 anos
Maguila | Foto: Reprodução/Instagram
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Embora Maguila nunca tenha conquistado os principais cinturões mundiais, sua popularidade entre os brasileiros foi inegável. Com um carisma único, ele conquistava o público não só pelos punhos, mas também pela personalidade. Em suas vitórias, era comum vê-lo enviar agradecimentos calorosos a todos que faziam parte de sua jornada, desde o açougueiro até o vendedor de carros, criando momentos icônicos que fizeram dele uma figura amada.

Apesar de muitas dúvidas sobre se sua simplicidade era natural ou uma estratégia de marketing, Maguila sempre soube como chamar a atenção. Seu ex-treinador, Sidney Ubeda Gomes, relembra um episódio em que o boxeador “lia” revistas de cabeça para baixo só para provocar reações curiosas e divertidas.

Natural do interior, Maguila chegou a São Paulo incentivado por sua estrutura física impressionante. Após algumas tentativas frustradas, encontrou acolhimento na academia do BCN, liderada por Ralf Zumbano, tio do grande campeão Eder Jofre. Sua carreira profissional começou em 1983, e logo se destacou ao conquistar títulos brasileiro e sul-americano em suas primeiras lutas.

No entanto, a trajetória de Maguila também teve desafios. Em 1985, sofreu derrotas consecutivas, mas conseguiu reverter ambas com nocautes sobre os mesmos adversários. Sob a orientação de Miguel de Oliveira, o boxeador aprimorou sua técnica e, com o apoio do narrador Luciano do Valle, participou de lutas mais desafiadoras, incluindo o projeto que o colocaria frente a frente com estrelas internacionais.

Em 1989, Maguila enfrentou James "Quebra-Ossos" Smith, em uma luta polêmica, que rendeu ao brasileiro uma vitória controversa. Isso o levou a enfrentar Evander Holyfield, em um combate difícil, onde Maguila sofreu um nocaute devastador. Um ano depois, enfrentou George Foreman, em um confronto que também terminou com um nocaute no segundo round, marcando o fim de suas esperanças de disputar um grande título mundial.

Após deixar os grandes palcos, Maguila passou a lutar em eventos menores e encerrou sua carreira em 2000, com um cartel impressionante de 77 vitórias, 61 delas por nocaute, 7 derrotas e 1 empate. Além do boxe, teve uma carreira diversificada, atuando como comentarista e até mesmo como secretário de esportes.

Maguila deixa um legado incontestável no esporte, marcado por sua resiliência dentro e fora dos ringues.